Conte que antigos ritos pagãos originaram as festas juninas
Publicado
por
Objetivo(s)
·
Entender como se originaram as
tradições juninas brasileiras
Ano(s)
1º
2º
3º
Material
necessário
Reportagem
de Veja
Desenvolvimento
1ª
etapa
Introdução
Três
efemérides com toques religiosos, pitadas de folclore e elementos festivos -
como canto, dança e guloseimas típicas - agitam o Brasil de norte a sul neste
período. São as festas juninas, manifestações populares em que não pode faltar
a quadrilha. Segundo VEJA, esse espetáculo vem se despindo da indumentária
simples para entrar na era do luxo. As garotas da classe provavelmente já usaram
vestidos de chita em algum arraial, a fim de impressionar meninos devidamente
caracterizados com chapéus de palha e roupas remendadas. Investigue as origens
pagãs dos folguedos de Santo Antônio, São João e São Pedro. E questione os
papéis que o sagrado e o profano desempenham nesse contexto.
Faça um levantamento do que os jovens sabem sobre os festejos juninos. Provavelmente eles têm claro que a tradição de homenagear os três santos católicos foi trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses. Mas será que todo o simbolismo ligado às datas tem fundo religioso? Qual o significado de acender fogueiras e fazer adivinhações? E as comidas, são as mesmas em todos as regiões do Brasil? As danças e os trajes também se repetem? Que santos merecem, em outras datas, homenagens semelhantes?
Conte que em 21 de junho - três dias antes do aniversário de nascimento de São João Batista - começa o verão no hemisfério norte. Esse dia é o mais longo do ano na metade do globo localizada acima da linha do equador. Esse fenômeno, conhecido como solstício de verão, era comemorado por povos ancestrais muito antes do surgimento das divindades cristãs. Rituais ligados à fertilidade do solo e à fartura das colheitas marcavam o evento. Nessas celebrações, acendiam-se fogueiras com o intuito de livrar as plantações dos maus espíritos. No século IV, a Igreja Católica adaptou esses costumes e passou a homenagear São João na Espanha, na França, na Itália e em Portugal. No século XIII, o dia 13 de junho passou a ser dedicado a Santo Antônio e o dia 29, a São Pedro. Trazido para o Brasil, o culto aos santos incorporou a dança.
Informe que a quadrilha é uma invenção inglesa do século XIII, aperfeiçoada pelos franceses e introduzida no Brasil pela corte de dom João VI nos anos 1800. Fale também sobre as adivinhações e simpatias, previsões sentimentais levadas a cabo por moçoilas e rapazes em bananeiras, bacias e até nas imagens dos santos. Na canção Brincadeira na Fogueira, de Antônio Barros, por exemplo, um pretendente ao casório narra, desolado, as próprias desventuras:
Danei a faca
No tronco da bananeira Não gostei da brincadeira Santo Antônio enganou. Saí correndo Lá pra beira da fogueira Ver meu rosto na bacia A água se derramou. |
A
turma já se aventurou nessas práticas ou considera tudo mero folclore? Ouça as
opiniões e ressalte que muito pouco do caráter religioso sobrevive nas festas
juninas. VEJA mostra que em alguns Estados nordestinos as quadrilhas, nessa
troca de roupas caipiras por roupas sofisticadas, viraram coreografia para
turista ver. Lembre que em muitos rincões, no entanto, a dança ainda funciona
como fator de união da comunidade e as apresentações se prestam, também, para
arrecadar fundos para instituições beneficentes. Ensine que no passado as
comemorações ocorriam exclusivamente no meio rural e os devotos rezavam
novenas, faziam procissões e pagavam promessas - além de dançar, cantar e
agradecer aos céus pela bênção das boas colheitas. Nesse sentido, o evento
ficou associado, no imaginário geral do brasileiro, ao caipira, habitante do
interior paulista e de parte de Minas Gerais e Goiás. Essa figura é retratada
na ficção literária por Jeca Tatu, personagem de Monteiro Lobato imortalizado
no cinema por Mazzaropi. Discuta com a turma o texto do quadro abaixo, sobre o
arraial organizado pelo presidente Lula para celebrar suas bodas de pérola.
2ª
etapa
Atividades
Sugira que os alunos investiguem alguns
aspectos das quadrilhas-espetáculo descritas por VEJA. Quem financia esses
eventos e quem forma o corpo de jurados? As festas juninas luxuosas se
aproximam do Carnaval carioca no que diz respeito à presença do Estado como
organizador? Até que ponto são conservadas a autonomia, a espontaneidade e a
capacidade de transformação desses arraiais? Qual o futuro das quadrilhas?
Ficarão cada vez mais sofisticadas ou sempre haverá espaço para as
representações mais autênticas?
Para saber mais
Arrasta-pé no
Torto
Dia 15 de junho, o
presidente Lula organizou, na Granja do Torto, em Brasília, uma festa caipira
para marcar os 30 anos de casamento com a primeira-dama, Marisa Letícia. O
casal chegou ao arrasta-pé num carro de boi repleto de paçoca e cachaça. A
"noiva", no lugar do tradicional buquê, carregava nas mãos um
repolho. Uma vez celebrado o casório, houve uma procissão em honra aos santos
juninos. Uma queima de fogos encerrou a liturgia. Então, os convidados (todos
com a fantasia obrigatória) degustaram os quitutes trazidos por eles mesmos a
pedido do presidente, pularam fogueira e dançaram uma quadrilha. Lula
comandou a dança, animada por um sanfoneiro. A colunista Danuza Leão escreveu
no jornal Folha de S.Paulo que o acontecimento não poderia ter sido pior,
pois inspirou-se no folclore do atraso e da jequice explícita. Em
contrapartida, VEJA afirmou - na edição de 23 de junho - que é melhor ter
Lula vestido de caipira do que um presidente elegante com idéias de Jeca
Tatu. Solicite comentários dos estudantes.
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Veja também:
Bibliografia
·
A Invenção das Tradições, Eric Hobsbawm e Terence Ranger, Ed. Paz e Terra, tel. (11) 3337-8399
·
Dicionário de Folclore, Luís Câmara Cascudo, Ed. Global, tel (11) 3277-7999
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Créditos:
Patrícia
Raffaini
Professora de História da
Universidade Anhembi-Morumbi, de São Paulo
SE DESEJAR, NESSE BLOG TEM UMA PUBLICAÇÃO DE JUNHO DE 2011 SOBRE FESTAS JUNINAS E SEUS SÍMBOLOS.
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